No segundo semestre deste ano, 2010, aconteceu o primeiro curso de formação básica em plástica oclusal. Conforme divulgado na página oficial do curso: www.plasticaoclusal.com.br , foram 5 módulos (Agosto a Dezembro) apresentando uma odontologia que aproveita-se de conhecimentos que surgiram há mais de 50 anos e os combinam com uma nova proposta clínica.
No primeiro módulo, a turma composta por dez dentistas e três protéticos recebeu conceitos que permitem distinguir uma oclusão ideal, real e surreal. Ainda, os alunos puderam dominar a técnica de registro e transferência das relações crânio-maxilar e maxilo-mandibular para um articulador de valores condilares fixos (A7 fix BioArt – Brasil). Nenhuma das treze montagens necessitou repetição. O conceito de encontrar e transferir o eixo terminal de rotação da mandíbula usando o aparato Jig&Pua, a análise oclusal (estática e dinâmica) e a formulação de um diagnóstico oclusal levaram os alunos a conhecerem melhor a sua própria oclusão. E este foi o fato do módulo: os alunos ficaram surpresos com as incorreções, sinais e sintomas que carregavam em suas próprias bocas. Ainda neste encontro, cada aluno produziu a sua placa oclusal simplificada.
O segundo módulo foi orientado ao estudo da forma e tamanho dos dentes. Sem o conhecimento profundo da anatomia dentária jamais seremos capazes de reabilitar uma boca. Para iluminar nosso estudo, o Professor Glauco Fioranelli Vieira, professor da USP e autor de um fantástico atlas de anatomia oclusal, ministrou oito horas de aula teórica-laboratorial. Complementando o módulo, os alunos iniciaram o processo de enceramento diagnóstico\terapêutico de seus próprios modelos conforme a seqüência preconizada: primeiro a reconstrução dos quatro caninos, depois os incisivos inferiores seguido dos incisivos superiores, depois os posteriores inferiores e, finalmente, os posteriores superiores.
O terceiro módulo foi dedicado a mioartrologia da oclusão. Os alunos, sob a tutela do Professor Elton Dias, foram capazes de reconstituir toda a musculatura mastigatória e a ATM em uma réplica de crânio usando bandas elásticas e silicone. A atividade prática foi acompanhada de informações sobre a anatomia e fisiologia músculo-articular. E neste módulo, para enriquecer nossos conhecimentos, foi convidado para oito horas de apresentação o Professor Francisco José Pereira Jr., professor da UNIGRANRIO e coordenador da tradução para o português do premiado livro de Anika Isberg: Disfunção da articulação temporomandibular: um guia para o clínico. A aula do Prof. Pereira Jr. combinada com a prática prévia levaram os alunos para um novo patamar de compreensão da oclusão humana. Ainda neste módulo, houve a continuação do enceramento oclusal.
O quarto módulo, coroando os módulos anteriores, contou com a presença do Professor Pedro Paulo Feltrin, atualmente o professor brasileiro que mais tem se destacado no ensino da oclusão humana. Princípios, conceitos e práticas da reabilitação oclusal foram magnificamente ilustrados durante oito horas de aula. Tanta informação que os próprios alunos recomendaram: no próximo curso o prof. Feltrin deveria ter o dobro de tempo para expor seus conhecimentos. Ainda neste módulo, o prof. Elton complementou o módulo anterior mostrando como realizar um exame clínico completo das mioartropatias, incluindo a demonstração ao vivo de uma eletromiografia.
O último módulo teve demonstração ao vivo de uma plástica oclusal completa usando-se 2 câmeras: uma de alta definição para área bucal e outra para área de trabalho. Ficou sedimentada nos alunos a idéia de, uma vez reconstituídos os caninos, realizar todo o processo de instalação das resinas sem que este relacionamento de caninos se perca. Para complementar o curso, contamos com a presença do Dr. Jaime Bicalho, primeiro ortodontista brasiliense aprovado pelo Board of Orthodontics e com larga experiência em reabilitação oclusal ortodôntica de pacientes adultos, e do Dr. Rogério Zambonato, jovem cirurgião ortognático que tem encantado o Brasil e o exterior com suas reabilitações buco-maxilo-faciais. A quantidade e a qualidade das informações exibidas de maneira interativa por estes dois grandes profissionais puderam não só desmistificar o tratamento ortodôntico e ortognático, como demonstrar o quanto a reabilitação oclusal depende da interação de várias especialidades.
A grande satisfação que senti, como organizador deste curso, foi a de perceber o quanto os alunos mudaram de opinião acerca de como deve ser uma reabilitação oclusal: o exame clínico, o diagnóstico, o projeto reabilitador, a instalação deste projeto e o prognóstico da reabilitação saíram de um imaginário para uma prática clínica perfeitamente alcançável. Uma nova odontologia restauradora que em muito beneficiará a nossos pacientes e motivará nossa prática.