quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O CEO na ABO-DF

A primeira reunião do CEO na sede da ABO-DF aconteceu na terça-feira, dia 23 de fevereiro, com a presença de 16 participantes. Ficou acertado que nos reuniremos a cada duas semanas, sempre às terças-feiras, das 19 às 21 horas, na sede da ABO. O tema da palestra por mim proferida: “Existe uma Oclusão Ideal?” abordou os pontos de vista tratados nas três postagens anteriores a esta. Os princípios defendidos por Angelo D´Amico* foram usados para justificar a busca de uma oclusão ideal para nossos trabalhos reabilitadores, sejam eles pela via da odontologia plástica, protética, ortodôntica, ortognática ou pela via multidisciplinar (consenso entre os participantes).

Uma Oclusão Ideal deve apresentar uma desoclusão ideal. A guia nos movimentos mandibulares que ocorrem com o contato dentário deve ser realizada pelos dentes anteriores. Os dentes posteriores devem desocluir quase instantaneamente aos movimentos protusivos ou laterais da mandíbula sob pena, se não o fizerem, de permitir a atividade exagerada, incoordenada e incontrolada da musculatura, principalmente a elevatória. A saúde da Articulação Têmporo-Mandibular, que é determinante para a suavidade dos movimentos mandibulares, é também dependente de um sistema de desoclusão que não permita a sobrecarga muscular. Localizar os côndilos dentro das respectivas fossas mandibulares, determinando um Eixo Terminal de Rotação da Mandíbula e prover desoclusão são condições primordiais quando se deseja reabilitar um sistema oclusal.



Imagens 1 e 2: A desoclusão dos dentes posteriores durante os movimentos laterais da mandíbula em adulto jovem. Um ideal a ser perseguido?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Existe na natureza a Oclusão Ideal?

Há mais de um século a odontologia tenta definir o que seria uma oclusão ideal. Nos anos 50 do século passado, dois pesquisadores foram fundamentais para definição atual: Ulf Posselt e Angelo D´Amico. O primeiro demonstrou a maneira como ocorre o movimento mandibular e o segundo demonstrou como ocorre a desoclusão e o papel dos dentes anteriores, principalmente do canino, neste processo. Mesmo havendo controvérsias a respeito da posição ideal dos côndilos nas respectivas fossas mandibulares e a respeito da melhor maneira de obter esta posição clinicamente, podemos afirmar que numa oclusão ideal todos os componentes biomecânicos trabalham em equilíbrio, com o mínimo esforço necessário e com o mínimo de desgaste para o sistema oclusal. Com o uso, evoluí de forma a não gerar patologias. Trata-se de um sistema biomecânico submisso a um sistema neural complexo que também deverá estar em equilíbrio.

Imagem 1 - Máxima oclusão ou máxima mordida de uma boca de mais de 20 anos que nunca se submeteu a nenhum tipo de correção ortodôntica. A forma e tamanho dos dentes, o alinhamento tridimencional e a coincidência da linha média, o posicionamento mesial dos caninos inferiores em relação aos superiores e as cúspides mesio-vestibulares dos primeiros molares superiores situando-se no sulco mesio-vestibular dos primeiros molares inferiores são um bom indício de que esta boca trabalha em equilíbrio.

Imagens 2 e 3 - Visões laterais da máxima oclusão. O encaixe dos dentes não deixa espaços evidentes. Parece haver um equilibrio entre inclinações pró-mesial, pró-distal, pró-lingual e pró-bucal. A máxima força de fechamento parece estar bem distribuída. O sistema dentário parece estar bem preservado apesar pequenos desgastes. Os principais desgastes aparecem nas cúspides mesio-vestibulares dos primeiros molares posteriores. Uma decorrência natural do tempo da dentição mista, quando a guia lateral ficou ancorada nos primeiros molares permanentes.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O melhor tratamento sob um diagnóstico errado...é um tratamento errado!

Aplicar um tratamento sem ter um diagnóstico não é um privilégio da odontologia. Quando uma dermatologista receita uma pomada com corticóide, de última geração, com adesivos que permitem o íntimo e prolongado contato como uma lesão que julga ser uma dermatite e, na verdade, trata-se de uma lesão provocada por herpes, o melhor tratamento, porém desastroso, provém da pouca paciência para observar e escutar o paciente.

Não raramente acontece de recebermos um paciente com uma fratura radicular e prontamente indicarmos um implante. Podemos usar A melhor imagem tomográfica para confirmar o diagnóstico, usar o melhor implante, aplicar a melhor técnica cirúrgica, instalar a mais linda coroa com o melhor ouro e a melhor porcelana e mesmo assim, em pouco tempo, vermos o fracasso de nosso trabalho. Ou pior, na mesma boca, vermos surgir outro dente fraturado. E pior ainda, aplicarmos o mesmo tratamento anterior para o novo dente fraturado...
Poderemos facilmente repor todos os dentes quebrados até que restem apenas implantes. E se tivermos sorte e o paciente ainda depositar-nos alguma confiança e não nos abandonar, teremos a chance de observar também o fracasso dos nossos implantes.

Evitar diagnósticos falhos ou incompletos é um dos motivos básicos para o estudo incansável da Oclusão!


Imagem 1:  Uma sonda milimetrada penetrando no sulco patológico formado ao longo da fratura longitudinal na raiz mésio-vestibular do dente 47 pertencente ao mesmo paciente mostrado no filme da postagem anterior. Ao percorrermos o sulco gengival encontramos apenas um ponto de penetração da sonda. Isso indica, muito antes de qualquer tomografia poder mostrar, que há uma linha de fratura com uma respectiva perda óssea. Quanto antes o dente for removido e substituido por um implante, melhor será o prognóstico para manutenção da arquitetura ósseo-gengival. Mas antes disto, cabe a pergunta: a fratura está ou não relacionada com o que vemos no filme 1?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010


Quando o ser humano cria uma pista de deslize entre seus dentes, capaz de unir segmento posterior e anterior durante os movimentos mandibulares, cria uma porta para desenvolver hábitos ou manias que poderão destruir partes ou mesmo todo o sistema mastigatório. Neste pequeno filme observamos um tique, um hábito ou uma mania que este paciente tem. Ele é capaz de cizalhar os dentes anteriores com um apoio posterior nos terceiros molares esquerdos. Podemos chamar a este hábito deletério de Bruxismo, hiperfunção, parafunção... Ele poder ocorrer durante o sono ou mesmo acordado, mas sempre inconsciente!
Ao deparar-se com uma situação como esta surgirá a questão: Como reabilitar esta oclusão?