domingo, 21 de março de 2010

Ainda Relação Central

“A mandíbula está em relação central se os quatro seguintes critérios estão preenchidos:

1. O disco está propriamente alinhado em ambos os côndilos;

2. O conjunto côndilo-disco está no mais alto ponto contra a inclinação posterior da eminência articular;

3. O pólo medial de cada conjunto côndilo-disco está apoiado por osso;

4. “O músculo pterigóide lateral não apresenta contração e é passivo.”

A validade clínica dos critérios propostos por Peter Dawson (New definition for relating occlusion to varying conditions of the termporomandibular joint, JPD v.74 n. 6 p.619, dez. 1995) é questionável. Ao menos do ponto de vista clínico. O primeiro critério, a relação disco-condilo-fossa somente pode ser corretamente avaliada por meio de ressonâncias magnéticas ou radiografias com contraste. Meios não costumeiros na clínica e de indicação improvável para paciente sem sinais e sintomas de DTM. Quanto ao conjunto côndilo-disco no ponto mais alto, sabemos hoje que a posição relativa do côndilo em relação à fossa mandibular é quase aleatória quanto a distribuição entre posição mais anterior, central ou posterior (Y. Ren, A. Isberg, P. Westesson Condyle position in the temporomandibular jointComparison between asymptomatic volunteers with normal disk position and patients with disk displacement
Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology, and Endodontology,v.80,n.1,P.101-107,1995)
.
O terceiro critério apresenta a mesma dificuldade diagnóstica do primeiro critério. Teríamos que realizar tomografias comprobatórias de todos nossos pacientes. Por fim, o estado de relaxamento do pterigóide lateral exigiria um exame invasivo de eletromiografia.

A idéia de registro misto da relação maxilo-mandibular com uso de pua&jig permite:

1. A localização gráfica de um ponto mais distal e eqüilateral

2. Um traçado que pode ser averiguado posteriormente;

3. Um registro em cera com a musculatura elevatória não afetada por contatos dentários interferentes.

Sem a influência do contato dentário, a posição dos côndilos passa ser definida pelos ligamentos e pela muscularura.

Esta posição músculo-ligamentar que podemos determinar em uma única consulta, podemos chamar de eixo terminal de rotação e ainda relação central, mesmo sabendo da posição quase orbital que o côndilo pode assumir dentro da fossa mandibular.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Relação Central



Em 1905, George G. Campion publicou um trabalho em que ele demonstrou a possibilidade e a importância de localização de um eixo terminal de rotação da mandíbula. Afirmava que "o único segmento do movimento de abertura que um articulador deve reproduzir é o estágio inicial, o qual se vê nos traçados (cinemáticos registrados) como uma rotação simples ao redor de um eixo que passa através dos côndilos". Para encontrar esse eixo ideal ele apresentou um dispositivo rudimentar mas não muito diferente dos aparatos disponíveis hoje em dia (imagem 1). Chamou a esta relação de eixo terminal de rotação da mandíbula de Relação Central. Ao longo do mais de um século da definição original, o termo recebeu dezenas de definições. Atualmente a Relação Central é definida como a posição mais superior e anterior dos côndilos nas respectivas fossas mandibulares com o disco interposto. Diversas maneiras clínicas de obter-se a Relação Central tem sido descritas: a manipulação mentoniana (gnatológica), a manipulação bi-digital de Dawson e a técnica fisiológica estão entre as principais e mais comumente usadas. Cada uma delas apresentando suas vantagens e vulnerabilidades.

Para fins de registro, a combinação da manipulação com um anteparo anterior que evita o toque dos dentes posteriores (descrito com Jig de Lucia) tem se mostrada como a maneira mais reprodutível e confiável. O uso de um Jig modificado, acoplado aos dentes anteriores e superiores e uma pua (ponta) acoplada aos dentes incisivos inferiores permite o registro gráfico dos movimentos horizontais da mandíbula e a localização de um vértice posterior (traçado de arco gótico de Gysi). Este registro gráfico usado na montagem dos modelos inferiores no articulador permite verificar a exatidão ou coincidência do registro e da montagem.






































Imagens de 2 a 4: Jig de Lucia Modificado e Pua Inscritora com traçado realizado intra-bucal testado no articulador semi-ajustável. O vértice distal obtido diretamente na boca do paciente indica uma posição mandibular de origem que emula a "Relação Central".